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2024

Ana gonçalves

(CRIA-Iscte / IN2PAST)

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Parte de nós: narrações a várias vozes e outros registos de vidas 

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Que o nome seja história de família, biografia social, autoetnografia familiar, estudos de casos de famílias, o que estas variantes metodológicas visam é sondar o entorno mais íntimo dos indivíduos, que permanece, embora tamanhas mudanças, na base da vida social contemporânea. Adotei este método (não propriamente neutro) para tratar a questão da consolidação de linhagens no Fado. Procurava naquelas redes de relações, circunstâncias precisas de vida em comum propensas a interferir no curso de vidas, a ponto de, vez após vez, levarem pessoas unidas por laços de família à imersão no Fado, meio social onde coexistirão uns com os outros, uns entre os outros. Os critérios de escolha dos casos analisados prendem-se com a sociodiversidade própria do Fado. Acerca destas diferenças sociais é necessário que explique um pouco mais. Desde os seus os inícios, em Lisboa há duzentos anos, o Fado teve entre os seus cultores grupos sociais heterogéneos – nomeadamente, “aristocracia” e “povo” —, cujo emblema mais aclamado é a trágica relação entre a quintessência das fadistas, Maria Severa Onofriana (1820-1846), e a fina flor dos marialvas, o 13.º Conde de Vimioso, Francisco de Paula de Portugal e Castro (1817-1865). Razão pela qual foi para mim interessante retraçar histórias com gerações provenientes das duas posições sociais. De ponta a ponta, coligi um acervo de “existências reais”, como diria Michel Foucault, propositadamente não anonimizadas. Até porque a pesquisa foi enriquecida não apenas por documentação originada no terreno (entrevistas, genealogias, correspondência, notas de campo e registos áudio/visuais), mas também por materiais do passado (registos paroquiais de batismo, casamento e óbito, monografias e catálogos museológicos, jornais, revistas, programas televisivos e radiofónicos, filmes documentários, gravações em vinil e digitais, entre os quais a propriamente dita memorabilia privada, salvaguardada por gerações (fotografias de família, gravações históricas, coleções de letras e partituras de fados). Uma tal variedade resultou de um trabalho de alguns anos, meticuloso e paciente, contrariando a dispersão de fontes. Em suma, esta exposição pretende ser uma revisão desses dias de trabalho a sós com tanta gente e, mais importante ainda, dos erros cometidos, acautelando que as investigações são feitas de serendipidade, sofrem revezes, deixam problemas abertos por resolver.

 

Moderadora: Cecília Vaz (CIES-Iscte)

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23 Fevereiro 2024, 16:00-18:00, Iscte: C104 (Ed. II); Zoom link: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/95501239088

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